janeiro 11, 2015

.minhas primeiras impressões de um dia e meio.

no dia:
.eu estava mais perdida e ansiosa e atrasada com todos os pequenos detalhes: os remédios, as unhas, a impressão do contrato do seguro que saiu errada, o sol, a roupa para vestir, a hora que voa e me perguntando: será que vai dar tudo certo?
.busquei a impressão correta, comprei os remédios, fechei as malas, tomei banho, deu o tchau mais doloroso para as minhas crias, desci as malas me acabando com o coração no estômago e me fechei no carro. fiquei a maior parte do tempo muda e nula.
.chegamos a tempo. todos chegaram a tempo. checkin: ok. malas despachadas: ok. e tchaus e lágrimas: ok. tudo em tempo. não foi fácil, mas menos dramático que eu pudesse pensar. na verdade, acho que a ficha ainda não caiu. quando o coração perceber o tamanho do mar que me separa deles, das minhas razões de vida, tudo desmorona aqui dentro. certeza.
.peguei uma janela num lugar legal. meu companheiro de vôo era um austríaco que lia uma versão espanhola de Sidney Sheldon. Na verdade, ele namorava uma colombiana e eles foram passar férias entre Colômbia e Brasil. Ela ficou e ele voltou para a Áustria. No início nos falamos em espanhol. Quando me perguntou aonde eu ia e o que iria fazer, me 'obrigou' a pôr em prática o que sei e entendo de inglês. Achei um bom incentivo e gentil da parte dele.

ontem:
.paramos em Madri e cada um foi para seu lado. Thomaz era seu nome. Em seguida conheci Pedro, um brasileiro intercambista da mesma agência que estava mais perdido que eu. Ficamos lado a lado pelo resto da viagem, e confesso, foi até certo ponto reconfortante.
.paramos em Barcelona e o corpo estava moído. confusão com as passagens, mas tudo certo no final.
.chegamos em Dublin. problemas com minha bagagem e lá vou eu, enfrentar meu primeiro medo com o sotaque irish. faz reclamação, assina boletim e em 24h a vida voltaria a normal.
.imigração: foi rápido e indolor com perguntas e respostas simples: how long do you stay? Here? Yes. Six months.Why? Study. Where? Erin School of English. Give me the letter of school. E ele faz um sim com a cabeça, carimba, assina e me diz para tirar a documentação depois de 3 meses. E pronto. I'm in.
.no transfer até a house foi de pura admiração pela cidade gélida e cinza e organizada e linda.
.o frio impressiona. a house é bacana: simples, bem localizada e bem estruturada. um grupo de brasileiras me recebe e me acolhe muito bem. logo saímos para comprar coisas para comer. tudo muito perto e fácil de achar.
.tudo aqui tem sua versão vegan e é fácil de encontrar selinhos verdes em quase tudo. aqui se valoriza muito essa 'postura' das marcas em identificar de forma simples o que é destinado aos vegetarianos/veganos.
.as 16h já começa a anoitecer e logo estranhei tudo muito escuro. o corpo cansava mas eu tentava me manter acordada a maior parte do tempo. me arrisquei e dei uma andada pelos arredores. fui numa reta só, tentando encontrar o nome das ruas, mas aqui, as ruas não têm identificação visível. resumo: aventura pura. ia andando e vendo e ouvindo tudo ao meu redor. tem de tudo: muito brasileiro, muito japonês, indiano - um deles achou que eu era mexicana - e muitos irishs lindos e ruivos e loiros e lindos e bem vestidos. e nisso, confesso que as irishs deixam qualquer periguete brasileira no chinelo. enquanto eu tremia dentro de uma legging térmica, uma legging normal, uma calça jeans, uma blusa, umaml térmica, um moleton e uma jaqueta, elas desfilavam de vestidinho, casaco, maquiagem laranja, coques desjustados e meia fina - isso as que usavam meia. nem vermelhas ou roxas elas ficavam rs.
.por volta das 21h, depois do banho tomado, encontro outra brasileira que conheci no transfer e fomos desbravar o outro lado da cidade. atravessamos a O'Connell Street até o rio e voltamos. estava muito mais frio e meu dedos pareciam que ia partir. nem preciso falar que a gripe me pegou de jeito.
.destruída pelo vento e frio, me rendo ao bom edredon e as meias de lã que ganhei de presente e durmo. já era perto das 23h e logo virei abóbora.

hoje:
.acordei cedo. preciso me regrar com os horários. acompanho uma das meninas aqui até a igreja. mesmo não sendo uma católica devota, quis ir para ver/conhecer/entender um pouco dos costumes daqui. pude constatar que eles são muito religiosos e foi bonito de ver. uma pena não poder fotografar.
.passamos em algumas lojas para comprar tomadas e comprar coisas para o almoço.
.a tarde me joguei nas compras e fui atrás de um casaco que me aqueça e luvas e gorros e meias. conheci a tão falada Penney's e gastei duas horas andando naquele mundo extraordinário. Gorros a 1,50. Cachecol a 0,50, Meias térmicas a 4. Casacos a 15. Tênis de oncinha a 3 - ok. esse eu me segurei para não comprar. mas consegui pedir informações e entender um pouco o 'irish accent' que todos falam rs.
.começou a chover o que acabou com meus planos de ir ao Stephen Green Park para conhecer e fotografar. então vim para casa. fiz meu primeiro almoço, tomei banho, me meti no moleton e cá estou, botando as notícias e a vida em ordem. ainda não caiu a ficha. mas sei que tem muito trabalho e dificuldade pela frente. amanhã tem aula, a resolução das minhas malas, recarga do meu novo numero de telefone, a liberação do meu vtm, a busca pela moradia, a atualização de currículo, as aulas de conversação...
.aqui, quanto mais eu admiro e me surpreendo e me encanto, fico triste em lembrar que no meu país as coisas não funcionam, nem assim e nem de forma alguma, que nem todos poderão um dia ter essa mesma vivência que a minha, e que até mesmo essa loucura que fiz, se der errado, vai quebrar minha vida literalmente... enfim. enquanto isso, vou levando e me esforçando, para que tudo se encaixe e dê certo. ao menos dessa vez.

2 comentários:

xoxo, B. disse...

chorei.
sério, chorei.
me confortou tanto entrar aqui e ter tanta coisa nova pra ler s2
please, mantenha isso aqui atualizado?!???!!! assim, bem sagitarianamente detalhado?! hehe.
como é doído escurecer as 4pm... havia me esquecido disso... sofri tanto com esse detalhe qd estava longe! ao mesmo tempo, tao estranho e extraordinario, né? vai dar tudo certo. Pensa q esse foi o primeiro dia dos seus 364 dias que estao por vir! é, parece assustador mas eh magico ao mesmo tempo.. (ainnn... que dor no coração pensar q 'faltam' os tais 364....). Amo você s2

Cami. disse...

Li sentindo toda a emoção das descobertas ao chegar em um lugar novo. Admiro muito sua coragem e me espelho para me aventurar mais.
Não nos despedimos, mas não precisa, estaremos aqui sempre e quem sabe a próxima batitinha na mesa não será em terras irlandesas?