.tudo novo. de novo.

.e em uma semana tudo desmorona e você só sente o oco no peito. na outra semana, a vida muda e o frio na barriga volta, junto com sorrisos e uma felicidade solitária. sem saber ao certo o que é, o que fazer ou sentir, a vida muda de novo, do avesso, e te traz uma avalanche de surpresas e coisas inesperadas. daí você olha pro céu, respira fundo e diz: eu topo.
.eu me mudei de casa, fiz uma viagem, tive gastos, entrevistas e muitos nãos. recebi telefonemas onde eu não entendia nada do que diziam, e sim, eu me senti um lixo por isso. em uma semana eu consegui dois empregos, em lugares distantes e distintos. em um eu cuido de uma menina, e no outro, eu limpo um escritório. a rotina tem sido corrida: acordo, pego onibus, vou para a aula, pego onibus, vou para malahide, as 16h eu pego outro onibus de volta para dublin, as 18h entro no segundo trabalho e fico por lá até as 21h. depois, caminho até o centro e pego o onibus de volta para casa. mas apesar disso tudo, da 'falta de tempo', de forma estranha - talvez precoce demais, exagerado demais ou inocente demais - tem sido também prazerosa. confesso: não era nada do que eu esperava ou pensava ou procurava. na verdade, quando você só vê o dinheiro indo e as contas vindo, o luxo da escolha se mostra em segundo plano. mas acredito que  - talvez precoce demais, exagerado demais ou inocente demais - eu não poderia ter sido mais feliz. digo: pela forma como aconteceram... eu não poderia ter sido mais feliz. ambos foram por indicação de amigos ou conhecidos. ok. isso ajuda muito quando se aplica para alguma vaga. mas, por outro lado, eu não precisei mentir, criar histórias mirabolantes, passar alguém para traz ou inventar quem não sou. as pessoas me 'escolheram' pelo que sou, ou pelo pouco que conhecem de mim. então, acho que de certa forma, estou agindo da forma correta, com as pessoas e comigo mesma. quanto ao trabalho ou ao idioma, você aprende e, quando menos espera, já está fazendo ou falando.

.mas certamente, o melhor disso tudo, não é apenas o aprendizado do trabalho ou do idioma ou só o fato de ter o dinheiro para pagar as contas no fim do mês. claro que tudo isso importa, mas o melhor disso tudo, é ter por perto, pessoas - com quem você pode realmente aprender, mesmo que seja coisas simples. você aprende a cuidar, ser responsável com o próximo, não pelo dinheiro, mas por realmente se importar, em sentir alegria em um sorriso espontâneo ou em sentir carinho quando mesmo não falando o inglês correto, as pessoas perguntam ao modo delas como você está, se está feliz ou cansada, por educação ou por se importarem, é sentir uma troca de energias e vivências, que vão além de qualquer valor ou moeda.