.desaguando sentimentos e sentidos.

"Tu te tornas responsável por aquilo que cativas"

Sendo bom, ou ruim, concordo. Ao mesmo tempo em que recebemos aquilo que oferecemos, colhemos o que plantamos, sendo assim, uma ação e reação justa e compreensível. Mas hoje, ao ler uma carta, foi levantado um ponto de vista diferente. Você é responsável pelo que cativa mas não é responsável por quem se apega a gente ou pelo outro. Ainda digerindo essa nova perspectiva, sei que aquilo me tocou. Não sei se foi o contexto ou o conjunto: a carta, os sentimentos expostos e mal terminados, o término, a despedida, a saudade, ou uma parte de mim vista de longe. Mas tudo junto, ali, me fez desaguar, com dor, desamor, tristeza, vazio.

Eu não queria começar essa história. Mas por mais que a gente ache que tem controle de tudo, alguns sentimentos ainda escapam. Como resistir a alguém que te explica a Aurora Boreal, te faz um salto de elétrons, te ganha pelo coração, pelo sorriso, pela conversa e vontade (tida como certo ponto insistente) de simplesmente estar perto? Eu sabia que tudo ia bagunçar aqui dentro. Eu me conheço. Eu me apego. Eu sou uma frouxa. Digo e repito e assumo. Eu avisei. Mas o que eu não sabia era que tudo chegaria a esse ponto onde a alegria e o encanto se perderam e se transformaram em ausência e mal entendidos. Tenho minha parcela ali, registrada, culpada, feita, falada, mal entendida, errante e hesitante. Digo e repito e assumo e não me isento da responsabilidade e da constante obrigação em me redimir em nome/consideração/respeito do que sinto ou do que eu achava que até então valia a pena. Se eu não sentisse ou de nada se valesse, certamente, eu passava bem em não sentir nada disso. Mas ainda assim, mesmo com todo esse sentimentalismo e todo o valor que atribuo a ele, a ausência, o silêncio e a sensação de indiferença e a rejeição só me levam mais rápido para mais longe de você.

"Não era nada do que eu queria sentir agora"