Nada é perfeito, muito menos cerveja. Sim e infelizmente. A única parte desagradável é seu efeito diurético, que, sobre este corpo que vos escreve, é bem acentuado. Sou como uma torneira ambulante e sou obrigada a liberar o espaço a cada 05 min. Foi aí que tudo começou. Ou quase antes:
- Gente, essa aqui é minha amiga! Ela veio passar uns tempos aqui e blablablablas.
E meu lindo amigo foi me apresentando pro show inteiro. É, rolava um rock de fundo!
Minutos e cervejas mais tarde:
- Oi ‘amiga' de longe!!
- Oooooiiii nativos! - essa toda exclamativa era eu - Por favor, preciso ir ao banheiro, como me localizo?
Instruções a parte e fui, feliz e sorridente e bêbada a mijar. Foi quando ele passou e sorriu. Sorri de volta e tentei me lembrar daquele rosto. Okay, passou. Tou lá na porta do banheiro quando quase noucateio o pobre garoto sorridente de minutos atrás com uma cotovelada no queixo:
- Ops!! Desculpe!! Nossa, não tinha te visto! Desculpe!! Desculpe, desculpe!! Machucou? – e eu ficando vermelha de tão envergonhada...
- Não, imagina. Tudo bem! – e ele me abraçou forte.
Hmmm, conheço este abraço de algum lugar...
- Só desculpo porque é você... – e ele se aproximou e eu sentindo aquele corpo e aquela boca e...
- Não faça isso!! - E ele fez.
Merda.
De repente um ‘vamos pro banheiro’ não tinha soado tão mal. Beijos, mãos, abraços e beijos e que beijos e tudo funcionando quando um ‘quero você agora’ caiu como uma bomba:
Opa! Perae!
Daí as lembranças daquele rosto vieram à tona.
- Você é o amigo do meu amigo, que tava lá fora, com a namorada, tipo, a ruiva?
- É...Sim.
BOOM!!!
Merda! Eu disse que ia dar merda! Volta a fita:
- Vem cá, quero te apresentar uns amigos...
Ois e beijinhos e aperto de mãos pra todos os lados e abraços, menos na ruiva tingida e pálida e baixa. Esnobe. E com cara de bunda também. Por mim, tudo bem, não faz meu tipo mesmo (digamos que meu lado b é viado), mas ele não. Ele, namorado, sorridente, me cumprimentou e me abraçou forte e cochichou um ‘muito prazer’. Estranho. Disfarcei e saí de fininho do território inimigo porque não há nada mais perigoso do que uma mulher apaixonada (e traída). Morte na certa. E agora, cá estou, nos abraços e amassos com ele, no minúsculo e quente banheiro feminino do bar e ela lá embaixo.
Bom, eu já devia saber. Nada é perfeito, lembram-se? E ele era tudo de bom pra ser só meu naquela noite. Sempre assim. O quê? Não contei? Então, eu tenho esta merda deste carma, porque só pode ser um carma. Sou um ímã para caras enrolados com namoradas ou ex. Mas ai vem o detalhe principal: eu só fico sabendo depois. Acontece com você também?
Um dia eu aprendo, né?
Voltei ao normal, lavei meu rosto e saí do banheiro. Não nos olhamos mais. Fim do show, despedidas, xaus e abraços e eu mais bêbada e simpática do que nunca e cumprimentando milhões de pessoas quando ele resurgiu.
Tzum!
Abraço forte, minhas pernas bambas e beijos de canto de boca.
- Pára! Você é louco! Sua namorada está aqui!! -
Não sou. Relaxa, ela ta lá embaixo...
Um beijo roubado e um ‘amanhã a gente se fala na casa do seu amigo’...
Mereço?
***
Ouvindo Madonna - Like a Virgin
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