.nada é tão normal. por mais que eu tente, anseie, mentalize, desenhe, nada é tão normal. eu tava bem, sabe? tava a trabalho, a toa, maravilhada com cada detalhe, luz, frio, cores, sol. com tudo lá longe. daí eis que surge uma voz: ele, sentado, puxando um assunto qualquer. ok. sou educada, gosto de fazer amizades, conhecer pessoas. por que não? uma coisa levou a outra e os assuntos foram se estendendo. 'ele' fazia parte de um grupo circense que ensaiava um número meio latino. era engraçado, alto, moreno, voz rouca. ele tentava ser discreto, falar baixo, chegar de mansinho - o que era muito engraçado - mas seu biotipo o denunciava e o tornava mais perceptível. daí, troca celular, troca mensagens, troca palavras e pronto: planos e encontros para mais tarde.
"não vai rolar. eu vou embora ainda hoje"
"não dá para você ficar? você vai a SP? eu moro lá"
.e não rolou. só que, ainda mais tarde:
"não fui embora. estou perto de você. estamos indo em um bar aí perto do hotel"
"oba! vamos nos encontrar mais tarde?"
.e não, não ia rolar. só que, logo em seguida: desço do carro, avisto algumas pessoas, me sento à mesa e quem está sentado a minha frente: 'ele'. daí, troca risos, olhares, mensagens e abraços diagonais.
.e assim foi, sem nada de mais, sem nada acontecendo.
.três semanas mais tarde, depois de muito tempo e muitas mensagens trocadas, nos reencontramos, às 2h20, de uma madrugada gélida de sábado. reunindo esforços mútuos - ele chegava de um trabalho e eu escapava no meio de uma saída com amigos - ficamos conversando por horas, sobre várias coisas: relações antigas, dietas, trabalhos, criações, acontecimentos. tudo isso num sofá branco, ouvindo jazz, ele bebendo água, eu mais cerveja, esquentando nossos pés.
.obviamente que a noite foi diferente - em partes - daquilo que eu imaginava que seria. e sim, eu imaginei de tudo: de gestos extremamente românticos - que obviamente não aconteceram, e não aconteceriam considerando que ele é taurino - até possíveis grosserias e perigos e medos - que também não aconteceram. não foi uma noite incrível e de conto de fadas, mas foi interessante na medida em que tinha que ser e sem excessos.
ps.: porque para ele eu lembro Novena, do Djavan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário