E foi assim: fogos estourando e uma sensação vaga aqui dentro. Tudo bem distante do que era ou esperava: abraços frios, votos nulos. Sentimento de solidão instantâneo e uma crise de ansiedade me corroendo dos pés a cabeça.
Passados os fogos, uma vontade absurda de sumir. E eu andando, sozinha, no meio de multidões.
Alívio, estranho alívio.
Pessoas conhecidas. Pessoas queridas. Pessoas que querem meu bem e eu o delas.
E lá, estava eu, minutos após a virada do ano, onde eu deveria estar radiante e cheia de esperanças, quando me pego, em meio ao momento em questão, com a alma preenchida de ódio e os olhos cheios de lágrimas, naquele momento em que tudo começou a tremer e a voz ia sair, eis que surge uma voz atrás de mim:
" Você é linda."
Eu olhei, percebi os olhos castanhos logo de início, a garrafa de vodka - quase no fim - embaixo do braço, e sorrindo comentei:
"Claro, é a vodka fazendo efeito"
E ele insistindo:
" Não, você é linda. Eu te vi lá de longe, você é toda diferente".
E eu rindo. E querendo ainda morrer, ainda cheia daquele ódio e lágrimas.
E ele continuando, sendo engraçado, me fazendo sorrir, me pegando pelo braço e jogando conversa fora.
Lembro de olhar pro céu, lembrar de minutos atrás e pensar:
"O que vou perder com isso?"
Dei a mão para o menino dos olhos castanhos e sorriso cativante.
"Você vai ficar aqui ou vai me dar o primeiro fora de 2011?"
Eu fui, e ele ficou, eu voltei, e sorrindo o beijei.
(sensação boa e um sorriso no canto da boca).
"Aonde estão os fogos?" - eu, boba, pensei - e ri.
Assim continuamos, andando pela multidão, nos separando, nos encontrando. Até quase logo cedo.
Planos para o dia seguinte? Alguns. Pretensões? Nenhuma. Vontades? Muitas.
"O que tiver que acontecer, vai acontecer."
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