Porque meus pensamentos se organizam de forma estranha, e sem que tudo
fique massante e cansativo e muito chato, eu tento distrair e abstrair
a tensão escrevendo tudo numa 3ª pessoa imaginária.
"Quase cinco e você já se prepara para ir.
E eu já quero de novo, quero mais, mais tempo.
Penso em como é estúpido dormir e desperdiçar as passadas e rápidas e
únicas quatro horas que temos - sim, sou uma egoísta incontrolável rs
- mas logo me lembro de como você é lindo dormindo...
Se eu te acalmo enquanto você dorme, em mim, o efeito é contrário.
Passo horas te observando, fico inquieta, presto atenção a cada frase
balbuciada, em cada gemido, em cada troca de posição... "Será que ele
tá bem?" "Será que tá calor?" "Não quer tomar uma ducha?"
Quase cinco e você já se foi.
Zonza, eu me despeço e me disperso com a estranha dor nas pernas.
"Aonde está a chave?"
Três beijos tímidos, medrosos, carinhosos e sinceros. Um leve
abraço... HEY! Aonde está o meu abraço mais foda e intenso do mundo?
Me questiono e te questiono sobre o que deveríamos conversar. Você
brinca e sorri e estranhamente tudo parece estar bem.
Agora vem a parte séria. Deixo toda a poesia e sabor de lado e te
digo: temos que conversar."
Quando você me deu a notícia naquela madrugada, senti doer aqui
dentro. Achei que tudo estaria acabado, que tudo tinha sido destruído,
que você só era igual a qualquer um. Me culpei por gostar demais, por
assumir esse gostar e por achar e acreditar que 'dessa vez seria
diferente'. Ou 'perfeito'. Confesso que hoje, repudio essa minha
primeira reação e me sinto ridicula. Emoção e dramas são minhas duas
maiores péssimas qualidades. Um dia aprendo a moderá-las.
Quando você desligou e tudo ficou mudo, me senti vazia. Fui de um
extremo ao outro. Já não sentia tristeza, nem dor e nem nada. Vazio. O
mais maldito e puro vazio. Eu não conseguia pensar em você ou em
'nós'. Não conseguia sentir nada, nem ter as lembranças de volta. Não
via mais teus sorrisos e abraços e momentos. Nada. Me questionei o por
que de tanta nulidade. Será então que todo aquele 'gostar assumido'
era pura invenção? Ou era pouco e fraco a ponto de desmoronar em meio
a qualquer crise? Ou seria então mais uma das minhas malucas defesas
automáticas contra dores de amores 'possiveis-impossiveis'? ... Eu
juro que ainda não sei...
No dia seguinte, um pouco antes de te ver, quando as sensações ainda
voltavam aos seus lugares, consegui - ou acho - organizar os
pensamentos.
Como sua amiga - "se eu não conseguir ser antes de tudo sua amiga,
nada disso valerá a pena" ... eu mesma te disse isso há tempos atrás,
lembra? - estou aqui para te ouvir, acalmar, ajudar, cuidar e apoiar.
Com tudo o que aconteceu, só me resta respirar, acreditar em você e
aceitar os fatos. Nunca nos comprometemos em sermos exclusividade um
do outro, mas de certa forma rolava uma confiança mútua - acho. Eu,
independente de qualquer rótulo, e muito por respeito e consideração,
sempre tive uma posição clara quanto a este assunto. Não conseguiria
estar com você e com outra pessoa, por mais casual ou acaso que fosse
- com você ou com a outra pessoa, entende? Mas claro, não dá para
esperar que as pessoaa tenham as mesmas atitudes e posições que nós,
mas se aconteceu tudo aquilo e você achou que deveria me contar, por
respeito e/ou consideração, isso já vale muito.
Bom, essa sou, a amiga rs.
O lado emocional e dramático ainda anda em baixa rs. Desculpa,
mas não posso negar. Não sei como você está diante disso tudo, o que
você sente, o que você quer. Não sei, por exemplo, se você quer ficar
'sozinho'. Tensa a situação.
Confesso que agora não tenho uma posição e que muitas de minhas
atitudes e vontades dependem das suas também.
Acredito que não exista 'certo' e 'errado' em fazer isso ou aquilo, e
sim que haja um consenso comum, baseado na vontade e disposição de
ambos.
Então, em nome da minha sanidade rs seria legal se a gente realmente
conversasse rs Antes que tudo se acabe, se perca ou se repita. De um
lado ou de outro.
...
FIM
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