junho 20, 2010

.sobre primeiras vezes.

Será que já tem disto por aqui?

Achei solto no note.

"Primeiro amor.

(...)

Fim?
Bobagem.
Aquele não era o começo das minhas decepções e fracasssos e histórias amorosas e muito menos o fim delas. Talvez tudo tenha começado com sete anos. Primeiro amor, sabe? Precoce e cômico. Lembro-me vagamente dele, mas perfeitamente de mim e de como eu tremia e ria, mas eu ria e morria lá longe porque eu temia qualquer tipo de aproximação, que era tudo resultado da minha timidez excessiva e descontrolada.
Ele: Samuel. Anos mais velho. Lindo e loiro. Magro e alto. Surgiu no meio da quadra de basquete, numa manhã de inverno, com cara de sono, cabelo despenteado e roupas estranhas. Nada romântico, mas eu tremia e soltava corações rosas por todos os poros. Sem falar na minha cara típica de babaca apaixonada que acabara de acordar. Nunca fomos do mesmo time e mal trocamos meia dúzia de palavras. No máximo alguns empurrões e socos e hematomas durantes os treinos. Sim, eu treinava basquete e minha mãe achava que eu seria a Hortência.
Pronto: estava eu amando? Eu jurava que estava. Freud poderia explicar isso como uma neurose mal resolvia, ou algo do tipo. Talvez assim fosse mais fácil para minha pessoa digerir o fato. Mas o que importa é que ao menos desta vez, o final foi indolor e passageiro. Como no filme fofo típico de sessão da tarde, felizmente ninguém morreu de picadas de abelhas, infelizmente não tinha nenhuma trilha sonora linda a la anos 50 e eu ainda não tinha beijado nenhum amiguinho.

(...)

Primeira noite.

(...)

Mal.

Mal foi minha primeira vez. Mal porque eu estava mal e ele não. Mas porque eu me lembro de muito pouco e mal porque este muito pouco era tudo que eu queria esquecer.
17 anos, quase 18. Namoro comportado e tudo nos conformes, bem no estilo 'te amo para sempre, te amo demais'. Mamãe adorava e aprovava . Normal, sem novidades. Calmo demais para ser comigo. Estranho, mas até então, maravilha pura. Nuvens e corações flutuando e estourando sobre minha cabeça e eu achando que aquilo era amor.

Calma! Respira fundo e volta ao normal.

Aliás, nada naquela noite estava normal. Eu deveria estar normal e sorridente e amavel, mas eu já estava mais bruxa que o batman e minha outra metade havia se perdido 'por aí não sei aonde', desrespeitando todas as minhas ordens. Desrespeitar e respeitar. Eu deveria respeitar meu fígado e todo amor que eu sinto por ele. Eu deveria lembrar disso antes de entornar as 06 garrafas de Chapinha . Meu órgão hepático quase entrou em falencia anunciada. Quase. Já minha cabeça não teve tanto sorte assim. .. Até hoje tento lembrar onde a deixei... Só lembro de que ela girava e girava e logo estava longe de mim.

Fui arrastada para casa porque minhas pernas não me obedeciam e se perderam com meu resto no meio do caminho. Nunca demorei tanto para chegar em casa. Pareciam noites interias de caminnhadas no meio do deserto asiático (??) . Lembro de rever todos meus amigos fodas lindamente bêbados e mais alguém derrubados no meio da minha, então, sala. E ficamos lá, por talvez, horas.Como num piscar de olhos, todos sumiram e namoradinho perfeito e queridinho da mamãe, da dele e da minha, apareceu. Se materializou . E eu achando que era miragem. Nada disso. Bobinha. Fiquei com minha cabeça, corpo e milhoes de membros girando. Lembro de pedir para ir para cama, e ele, prestativo, assim o fez. Quando percebi algo estranho e tentei abrir os olhos, ele estava em cima de mim, se deliciando enquanto eu morria. Eu não conseguia fazer nada, nem me mexer, nem falar.. eu até tentava sentir ódio e xingá-lo, mas minhas palavras estavam tão embriagadas que se perdiam no meio do raciocínio. Nada romântico. Uma maldita primeira vez sem direito a preliminares, orgasmos múltiplos , um 'foi bom para você?', uma trilha foda e um cigarrinho pós-transa igual ao dos filmes. Péssimo. Depois acordei no banheiro, vomitando, com meu corpo, ou o resto dele, inteiro na privada, boiando no meio daquele liquido de odor forte e cores estranhas de tonalidades rosas ora verdes. Só faltavam meus miolos para completar a festa. Resolvi tomar um banho, no qual devo ter desmaiado. Depois lembro de acordar quase de manhã, no sofá, de camiseta e roupas de baixo, com minha mãe entrando em casa, presenciando toda aquela cena deplorável.


Bárbaro.

Minha salvação ou fim de minha existência?

(...)

O resto desse melodrama trash quase b chamado de 'primeira noite não merece mais atenção, o esforço de meus neurônios sobreviventes e muito menos minhas poucas e restantes palavras..."

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